indubitavelmente dúbio
Monday, February 18, 2013
Queixo sobre os joelhos, o olhar perdido para além das ondas
teima em por lá ficar e já desistiram as gaivotas de o chamar
em terra, adivinha-se o ditado.
Ela espera, paciente na sofreguidão, bêbada dos cheiros
ao ritmo do avanço da intempérie. Venteia e arriçam-se as ondas,
as plantas secas, rolam conchas pela areia.
Despertará quando as primeiras gotas caírem; por enquanto, espera
pela chuva em alto-mar.
Sunday, February 17, 2013
Saturday, April 28, 2012
Tuesday, October 11, 2011
Sunday, October 09, 2011
"World Spins Madly On", by The Weepies
Woke up and wished that I was dead
With an aching in my head
I lay motionless in bed
I thought of you and where you'd gone
and let the world spin madly on
Everything that I said I'd do
Like make the world brand new
And take the time for you
I just got lost and slept right through the dawn
And the world spins madly on
I let the day go by
I always say goodbye
I watch the stars from my window sill
The whole world is moving and I'm standing still
Woke up and wished that I was dead
With an aching in my head
I lay motionless in bed
The night is here and the day is gone
And the world spins madly on
I thought of you and where you'd gone
And the world spins madly on
Thursday, September 29, 2011
“Fecho os olhos
E sei.”
Sempre achara aquelas palavras, ditas daquela maneira e por aquela mulher, arrogantes, assustadoras, mágicas. Nem eram as rugas envolvendo a voz de menina que a importunavam, eram aquelas exactas palavras ditas por uma cega que lhe sorria do outro lado da rua sempre que tomava nas suas as mãos de um outro qualquer alguém. Idiotas, todos eles, os que a procuravam numa qualquer aflição ou curiosidade tremendas. As coisas valem pelo quanto acreditamos nelas, defendia; mesmo a verdade perece sem crédito. Fugiam-lhe respeitosos, ainda assim, os olhos para a mulher ao caminhar o lado ímpar da rua. Sempre a tempo de a ver sorrir-lhe e de adiar, por mais um dia, pensar se não seria de todo descabida a razão do nome daquela mulher ser Esperança.
Sunday, June 19, 2011
Engulo a café um analgésico banal, o terceiro que não será o último. Os primeiros passos de um novo vício. Da varanda, o horizonte condicionado hospeda hoje dois espectáculos de luz. Sei, ainda antes de lhes prestar atenção, qual prefiro. Rebenta quase mudo, num interessante jogo de formas e brilhos, o fogo-de-artifício de mais uma prova do concurso. A menos de um par de quilómetros, destaca-se simples contra o negrume do céu enquanto finge desvanecer-se nevando sobre os telhados das habitações. Não é esse. À esquerda, a uma distância que não me aborreço a calcular, sabe-se ainda um pouco da claridade do poente tardio perdendo fôlego e terreno para as nuvens que exigem o anoitecer. São cúmulos de trovoada, de rebordos irregulares mas, definidos, criando nichos profundos na sua maciez. Permite o findar do ocaso reparar nos volumes sem, contudo, abafar o que verdadeiramente me prende. As descargas. Acontecerão certamente muito longe, para cima, para lá, pois são, como o seu rival, silenciosas. Todavia, mais que compensa a ausência de ribombares a intensidade dos clarões. Propagam-se, como esperado, celeríssimos por entre as massas, arrítmicos e desorganizados, aleatórios e dissemelhantes. Quando o fazem. Deste poleiro de sexto andar, supera a exacerbância da electricidade a humilde opacidade das nuvens, tornando o costumeiro deleite impressionado num assombro respeitoso. Pois é naqueles covis que se expressa toda esta força. Reduzidos a meros halos difusos, que apenas ocasionalmente se revelam, num ápice, para logo se acalmarem, não posso evitar pensar que ali se encontra a génese de muito mais enquanto me rendo transfixiada a mais um grito dos céus. O café por beber ficou e a cefaleia, com ele, esquecida no parapeito.
Julho 2009
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