Wednesday, December 13, 2006
Choro convulsivamente, enquanto olho as mãos sujas pingando o soalho. Agonia-me o sangue que tento engolir, quase me esquecendo do que livremente abandona o meu corpo.
Não sei porque o faço. Há muito que me não doem as feridas que, uma e outra vez, a mim mesma inflijo. Que me desfiguram e perturbam a solidão em que vivo. Que todos os dias me lembram quão pouco valho e quão dependente delas sou. Afinal, esta pele hedionda está comigo desde sempre, assim como as unhas com que carinhosamente me dilacero. A minha inútil e desinteressante história resume-se a um monte de marcas e cicatrizes, aleatoriamente acompanhadas por consideráveis feridas ensanguentadas de fresco. Incontáveis vezes prometi a mim mesma ser capaz de com isto acabar. Incontáveis vezes mais uma me traíram as minhas mão e me chocaram os olhos, testemunhando o redundante fracasso de tamanha utopia. O humilhante pedido de ajuda há muito que pereceu contra o constante escárnio dos espelhos, e a normalidade é algo com que não me atrevo a sonhar.
Fraca, um frangalho de existência dispensável e repulsivo. Mais do que qualquer ferida, ser como sou dói.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment