Monday, October 10, 2005



























Era uma vez um dia de Outono. E umas nuvens no céu.
Ameaçava, e choveu mesmo. Foi escurecendo, à medida que o nevoeiro adensou. Apenas a chuva, caindo ritmadamente, se descortinava; de vez em quando, pequenas névoas ondulavam ao reconfortante som do vento sibilante. E, com o nevoeiro, pairando, veio o sonho... Tudo o mais, remetido para uma longínqua noção de realidade. Remanesce a dúvida de sonho ter, realmente, sido, ou mera tentativa de o recuperar... Com ele, outros mais antigos, nem por isso distantes, regressaram. Sonhos que se querem adormecidos. Coisas boas, talvez; mas que tão somente fazem sofrer.
A tranquilidade de até então, pela chuva imposta, com ela se dissolveu. Nada prevalece, tudo é demasiadamente fugaz. Só a tristeza não. Ainda assim, a chuva é das poucas coisas que me fazem verdadeiramente feliz.
Ironia? Não. Era uma vez... A complicada eu.

Saturday, October 01, 2005



























Vidas transbordantes de éter,
vago engano, oca realidade;
míriades de almas iguais,
aceitáveis porque iguais,
normais porque iguais,
inúteis porque iguais.
Tempo fugaz e esguio,
impossível, loucos!, de possuir
antes o ignorar que por o querer
ele fugir.
Mas, vazio que vão preenchimento busca
saber não o pode
nem coração tem que o queira.
Futilidades sucessivas
que, do simples, nojo aparentam
enojam os aparente simples
que sorrindo se enganam
por delas não viver.
Com o desprezo conformados,
incompreendidos na sua sanidade
num mundo de loucos a viver forçados
eles próprios por loucos tomados.
Diferença;
fonte de tumultuosas águas turvas,
inultrapassável fronteira.
Solidão.