Thursday, September 29, 2011




















“Fecho os olhos
E sei.”

Sempre achara aquelas palavras, ditas daquela maneira e por aquela mulher, arrogantes, assustadoras, mágicas. Nem eram as rugas envolvendo a voz de menina que a importunavam, eram aquelas exactas palavras ditas por uma cega que lhe sorria do outro lado da rua sempre que tomava nas suas as mãos de um outro qualquer alguém. Idiotas, todos eles, os que a procuravam numa qualquer aflição ou curiosidade tremendas. As coisas valem pelo quanto acreditamos nelas, defendia; mesmo a verdade perece sem crédito. Fugiam-lhe respeitosos, ainda assim, os olhos para a mulher ao caminhar o lado ímpar da rua. Sempre a tempo de a ver sorrir-lhe e de adiar, por mais um dia, pensar se não seria de todo descabida a razão do nome daquela mulher ser Esperança.

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